O assentamento de Ugarit, no norte da Síria, permanecia inabitado desde a era Neolítica, em 6.000 a.C. Porém, no século XV a.C., ela foi transformada numa estratégica cidade portuária, estabelecendo importantes ligações comerciais com o Império Hitita, o Egito, e mesmo a longínqua Chipre. Essas conexões com outras cidades-Estado atingiram seu apogeu entre os anos de 1.450 a.C e 1.200 a.C., período de maior glória de Ugarit, fato que pode ser comprovado mediante as evidências arqueológicas da região. Ali foram erguidos grandes palácios, templos e bibliotecas, contendo placas de argila com escrita cuneiforme. Contudo, além desses vestígios, singulares nesse período, os pesquisadores também encontraram, no ano de 1950, uma placa contendo o trecho de uma partitura musical, composta na língua hurrita, que remete a pelo menos 3.400 anos, sendo, portanto, a mais antiga música do mundo já encontrada até então.
A compilação musical (encontrada sob a forma de um sistema de notação de músicas, gravada em tábuas de argila), é mais conhecida como as “canções hurritas”. Provavelmente, elas eram tocadas com uma lira contemporânea. A maior parte dessas séries musicais eram dedicadas à deusa de Ugarit, Nikkal, mais tarde também adotada com divindade no panteão fenício, protetora dos pomares e jardins. Destarte, uma equipe de especialistas foi capaz de traduzir a escrita cuneiforme das placas contendo as “canções hurritas”, recriando assim a melodia.
Abaixo, segue uma versão mais moderna da mesma, baseada numa interpretação feita por Anne Draffkorn Kilmer, professora de Estudos Assírios na Universidade da Califórnia, em 1972.
Caso a versão acima não tenha lhe agradado, é possível conferir a mesma canção, tocada em lira. Os professores Anne Draffkorn Kilmer e Richard Crocker produziram uma variante da melodia, mais de acordo com a forma com que ela era originalmente tocada. O músico Michael Levy também produziu uma interpretação em lira, que pode ser escutada no player abaixo: